Bolsonaro é alvo de operação da PF e terá que entregar o passaporte

Mandados envolvem militares e aliados

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Mandados envolvem militares e aliados, como Braga Netto, Heleno e Valdemar; PF apura tentativa de golpe de Estado. A Polícia Federal realizou na manhã desta quinta-feira, 8 de fevereiro, uma operação para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção de Jair Bolsonaro (PL) no poder.

Entre os alvos de mandados de medidas restritivas está o próprio Bolsonaro, que terá a proibição de deixar o país, devendo entregar o passaporte no prazo de 24 horas, e de se comunicar com demais investigados, nem por meio de advogados.

Entre os alvos de busca e apreensão estão aliados do ex-presidente, como Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Anderson Torres, Valdemar Costa Neto, Almir Garnier e Tercio Arnaud. Já entre os quatro alvos dos mandados de prisão estão Rafael Martins de Oliveira, Filipe Garcia Martins e Marcelo Costa Câmara.

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De acordo com a PF, no total estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.

Os mandados, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, estão sendo cumpridos nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.

O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal.

“Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado”, informou a PF, em nota.

Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Plano de golpe de Estado envolvia prisão de Moraes, Gilmar e Pacheco, diz Polícia Federal

Segundo a PF, Bolsonaro pediu alterações no texto da minuta que previa a prisão de autoridades e novas eleições. Detalhes da trama são relatados em decisão do Supremo.

Alexandre de Moraes — Foto: Cristiano Mariz

A Polícia Federal apontou que havia um plano golpista com o objetivo de prender os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), antes da posse do então eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A informação consta na decisão de Moraes, que autorizou nesta quinta-feira a Operação Tempus Veritatis, que investiga uma organização criminosa que teria atuado para manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder por meio de uma tentativa de golpe Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, segundo a PF.

“Conforme descrito, os elementos informativos colhidos revelaram que JAIR BOLSONARO recebeu uma minuta de Decreto apresentado por FILIPE MARTINS e AMAURI FERES SAAD para executar um Golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e ao final decretava a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros do Supremo Tribunal Federal, ALEXANDRE DE MORAES e GILMAR MENDES, além do Presidente do Senado RODRIGO PACHECO e por fim determinava a realização de novas eleições”, diz o texto.

Filipe Martins era o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência e homem de confiança de Bolsonaro. Alvo de prisão preventiva, ele é suspeito de levar a minuta golpista ao ex-presidente em uma reunião no Palácio da Alvorada, em novembro de 2022. Um dos autores do documento seria o advogado Amauri Feres Saad, que foi alvo de buscas.

Segundo a PF, ao receber a minuta golpista, Bolsonaro pediu alterações na estrutura do texto, mantendo a prisão de Moraes e a realização de novas eleições. Essa informação se baseia na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, segundo revelou O GLOBO em outubro de 2023. Cid afirmou aos investigadores que só soube da existência do rascunho do documento quando Filipe Martins lhe apresentou uma versão impressa e em formato digital para que fossem feitas as mudanças pedidas pelo então presidente.

No despacho, a PF afirma que Moraes chegou a ser “monitorado” para que fosse realizada a captura e prisão dele.

“Avançando além dos dados fornecidos pelo colaborador, a Polícia Federal identificou que o grupo investigado acompanhou e monitorou o Ministro ALEXANDRE DE MORAES para dar cumprimento a uma pretendida ordem de prisão, caso se consumasse o Golpe de Estado”, diz a decisão.

Fonte EXTRA

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