Medicamentos ficam mais caros em todo o país hoje,31
Veja dicas de como achar os melhores preços
Reajuste de 4,5% tem efeito imediato. Em onze estados, que aprovaram aumento no ICMS, alta nos remédios será ainda maior.
Cerca de dez mil apresentações de medicamentos de uso contínuo estão até 4,5% mais caras a partir de hoje. O percentual é referente ao teto de reajuste anual estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), vinculada ao governo federal. Nas próximas compras, o consumidor que mora no Estado do Rio, porém, poderá sentir um impacto ainda maior no bolso. Isso porque, no último dia 20, também passou a valer a alta do ICMS: de 18% para 20%. Somada à taxa do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECP), a alíquota chega a 22% — a maior do país. E o aumento deve ser repassado aos compradores.
— Haverá um impacto grande para as famílias, principalmente aquelas com aposentados, pensionistas e com pessoas que utilizam medicação de uso contínuo. É uma combinação perversa de dois aumentos. Um é previsto anualmente; o outro foi anunciado para reposição ao caixa dos estados, defasada desde a diminuição do imposto para combustíveis em 2022 — explica a economista e professora Carla Beni, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Onze unidades da federação aprovaram o aumento das alíquotas de ICMS. Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma, critica as decisões dos governos. “Enquanto o Brasil experimenta um viés de redução da inflação e dos juros, aliado à aprovação da reforma tributária, esses governos caminham na contramão e demonstram insensibilidade com a população mais pobre”, afirmou Barreto, em nota.
Há ainda uma variação de preços que ocorre de forma dinâmica no ponto de contato com o consumidor final. Tanto é que, embora o teto do reajuste de 2023 tenha sido fixado em 5,6%, a CliqueFarma, ferramenta do ecossistema Afya que compara preços de produtos vendidos em farmácias, encontrou altas de até 250% no mesmo ano — caso do Betaistina.
— Todos os medicamentos têm um teto de preço que é o Preço Máximo ao Consumidor (PMC), definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. O que acontece é que os preços variam para baixo e para cima até o teto do PMC. Essa variação depende muito dos descontos praticados pelos laboratórios e das negociações com as farmácias — disse o fundador da ferramenta, Angelo Miguel Alves.
Pesquisar é essencial
Quando o verão chega, e a família deseja comprar um ar-condicionado, ou na hora de adquirir o material escolar, a pesquisa de preços é o passo número um. Na compra de remédios, no entanto, grande parte dos consumidores não imagina que possa haver uma economia significativa, o que é um erro.
Um mesmo medicamento à base de Losartana, princípio ativo usado para controle da hipertensão, pode ter variação de até 87,62% nos preços praticados por duas farmácias, segundo consulta da CliqueFarma, feita a pedido do EXTRA. A ferramenta compara preços de medicamentos em mais de 50 farmácias.
— As variações podem ocorrer devido a políticas de precificação de cada estabelecimento, descontos oferecidos, margens de lucro e até negociações com fornecedores ou baixa de estoque de produtos no mercado — explica o diretor e fundador da CliqueFarma, Angelo Miguel Alves.
Economizar demanda tempo
Não é somente entre farmácias que o preço pode variar. Uma mesma drogaria pode ter preços diferentes, dependendo do dia e do horário da compra, da barganha feita com o gerente e do convênio de saúde que o consumidor tem, entre outros fatores. Por isso, o EXTRA traz, abaixo, dicas de como economizar na compra de remédios e driblar a dupla alta dos preços deste ano.
Para fazer um bom negócio, o Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar) e professor da FIA Business School, recomenda calma. O ideal é planejar a compra de medicamentos cuja necessidade não seja urgente. E não resolver cumprir essa tarefa num intervalo curto de tempo enquanto está na rua:
— Cumprir estratégias para economizar demanda tempo. Então, o ideal é não comprar os remédios com pressa. E, se for um medicamento de uso contínuo, comprar em quantidade, atentando, é claro, para o prazo de validade.
Dicas para economizar
1. Compare preços entre farmácias e, quando a compra não for urgente, busque preços de uma mesma farmácia em dias e horários diferentes.
2. Barganhe no balcão. Como a precificação de medicamentos é dinâmica, converse com o gerente da farmácia e procure saber se a cobrança feita é a mínima por aquele remédio. Fale sobre as propostas das concorrentes e, se for comprar um medicamento de uso contínuo, negocie um desconto para comprar maior quantidade. Angelo Miguel Alves lembra, no entanto, que é sempre importante certificar-se de que o medicamento tem uma validade longa.
3. Consulte preços de genéricos, após se certificar com o médico ou farmacêutico se a troca é adequada, indica Claudio Felisoni de Angelo.
4. Verifique seus direitos em programas públicos. A professora Carla Beni lembra que a Farmácia Popular tem medicamentos gratuitos ou com uma redução significativa dos preços, e diversas prefeituras fornecem medicações em seus postos de saúde.
- No Rio, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, todas as Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde contam com farmácias onde os usuários podem retirar gratuitamente os medicamentos de uso contínuo, como em casos de hipertensão e diabetes, e outros de uso eventual, como analgésicos e antibióticos. Para retirar o medicamento, é preciso apresentar a prescrição médica e um documento de identidade.
- Além disso, o Programa Farmácia Popular do Brasil, do Ministério da Saúde, oferece medicamentos gratuitamente ou com descontos de até 90%, em farmácias da iniciativa privada credenciadas. Essas farmácias são identificadas por adesivos ou banners com a inscrição “Aqui tem Farmácia Popular”. Para retirar o medicamento nessas farmácias, é preciso apresentar a prescrição médica, um documento de identidade com foto e o número do CPF. Os beneficiários do Bolsa Família têm acesso a todos os medicamentos disponíveis no programa de forma totalmente gratuita.
5. Cheque se o laboratório farmacêutico tem desconto para cadastrados.
- A União Química, por exemplo, tem o programa “União com você”, que concede abatimentos de 25% a 50% em produtos de uso contínuo para doenças do sistema nervoso central, saúde feminina e dermatológicos. Para obter a vantagem, é preciso se cadastrar diretamente no site www.uniaocomvoce.com.br e ter receita médica. O desconto é aplicado nas quase 18 mil farmácias credenciadas ao programa.
- O laboratório Sandoz tem o “Cuidar +”, com preços reduzidos em 20% a 60% para os remédios Zinnat, um antibiótico, e Stalevo, para tratamento do Parkinson. O paciente ou o cuidador pode fazer o cadastro na central de atendimento (0800-666-5858) ou diretamente numa farmácia credenciada. O Aché tem a plataforma “Cuidados pela vida”, com descontos de até 70% em medicamentos. Veja em https://cuidadospelavida.com.br/.
- A EMS também cadastra pelo site https://www.emssaude.com.br/ os interessados em obter descontos em medicamentos.
6. Pergunte por programas de fidelidade nas farmácias.
- Além dos cadastros de laboratórios, as farmácias muitas vezes praticam preços melhores para beneficiários de alguns planos de saúde ou para quem cadastrar o CPF na loja, como é o caso da DrogaRaia.
- A Venâncio tem o VClube, com produtos em ofertas exclusivas e personalizadas diariamente para atender o comportamento do consumidor. Para participar, é possível se inscrever, gratuitamente, nas lojas físicas ou pelo site https://fidelidade.vclube.com.br.
- Paque Menos e Extrafarma têm o “Programa de Fidelidade Sempre Bem”, que concede benefícios exclusivos como descontos e promoções personalizadas para clientes com base no histórico de compras. Por exemplo, quando o cliente atinge o status de Cliente Ouro, tendo gasto igual ou acima de R$ 1.200 no semestre, ele passa a ter direito a descontos em medicamentos de uso contínuo, entrega grátis no televendas, e atendimentos no Clinic Farma, com medição semanal de pressão sanguínea e glicemia, uma aplicação mensal de injetável e uma bioimpedância. Já o programa “Cliente Sênior” reúne descontos a partir de 20% em medicamentos para clientes acima de 55 anos, em algumas lojas.
7. Utilize clubes de vantagens.
- A Stix, por exemplo, é um ecossistema de programas de fidelidade que reúne varejistas. Droga Raia e Drogasil são as redes de farmácia presentes: os clientes ganham 5 stix a cada R$ 20 em compra. Os pontos podem gerar descontos nas lojas físicas. Por conta de uma parceria com a Livelo, também é possível trocar pontos Livelo no PagStix.
- O Meu INSS+ é um clube que reúne descontos, inclusive em farmácias, para aposentados, pensionistas e beneficiários do INSS. Para se inscrever, é preciso acessar o aplicativo Meu INSS, clicando em “Carteira do beneficiário”.
8. Compre pela internet. Segundo pesquisa da CliqueFarma, medicamentos comprados on-line são 16% mais baratos do que na loja física, mesmo usando programas de descontos nas farmácias.
Fonte EXTRA