‘Marte um’ é o grande vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro
A cerimônia aconteceu nesta quarta-feira, 23 de agosto, na Cidade das Artes.
A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais realizou nesta quarta-feira a 22ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. A cerimônia aconteceu na Cidade das Artes, no Rio, e contou com apresentação da atriz Cláudia Abreu e do ator e diretor Silvio Guindane, recém premiado no Festival de Gramado com “Mussum, o filmis”.
“Marte um”, do mineiro Gabriel Martins, foi o grande vencedor da noite ao conquistar oito estatuetas, incluindo melhor filme, direção, roteiro, ator e ator coadjuvante.
— Quando eu tinha 12 anos, meus pais me levaram para a Mostra Tiradentes e lembro de ver numa praça lotada “Bicho de sete cabeças”, de Laís Bodanzky, que me mostrou o que o cinema brasileiro poderia ser. Espero que alguém de 12 anos possa ter visto “Marte um” e sentido a mesma coisa — comemora Gabriel.
O jovem Cícero Lucas protagonizou uma das cenas mais emocionantes da cerimônia ao receber o troféu de melhor ator coadjuvante por “Marte um”, seu primeiro trabalho no cinema. Muito emocionado, ele dedicou o prêmio aos pais e ao samba, lembrando que foi descoberto por Gabriel em uma roda de samba.
Recordista em indicações, concorrendo a 15 estatuetas, “Medida provisória” deixou a cerimônia com apenas um troféu Grande Otelo, melhor atriz coadjuvante para Adriana Esteves.
A noite começou com uma apresentação do pianista pernambucano Vitor Araújo, que acompanhou no piano um vídeo em homenagem aos 125 anos do cinema brasileiro, completados em junho. Na sequência, foram realizados discursos de Renata Almeida Magalhães, presidente da Academia, e Marcelo Calero, secretário municipal de Cultura do Rio.
“Eduardo e Mônica”, de René Sampaio, conquistou o primeiro troféu Grande Otelo da noite, melhor trilha sonora, para Pedro Guedes, Fabiano Krieger e Lucas Marcier. Na sequência, o drama de época “A viagem de Pedro”, de Laís Bondanzky, surpreendeu ao levar para casa três estatuetas seguidas: melhor figurino, maquiagem e direção de arte.
Em um dos momentos mais tocantes da noite, ao som de “A paz” no piano, o in memoriam relembrou os artistas que faleceram no último ano, como Aderbal Freire-Filho, Antônio Pedro, Aracy Balabanian, Claudia Jimenez, Doris Monteiro, Erasmo Carlos, Gal Costa, João Donato, Zé Celso, Pedro Paulo Rangel, Pelé, Rita Lee, Rolando Boldrin e, é claro, Léa Garcia, falecida na última semana.
Amir Labaki, idealizador do festival É Tudo Verdade, e Vladimir Carvalho, documentarista conhecido pelo trabalho em “O país de São Saruê” (1971) e “Conterrâneos velhos de guerra” (1992), foram os homenageados da noite.
Ao longo da cerimônia, apresentadores e ganhadores investiram em discursos políticos pedindo ações como as “cotas de tela” e a regulação do streaming. Cria o Tablado, onde interpretou Pluft por duas vezes no teatro, Cláudia Abreu quebrou um pouco o protocolo ao homenagear Maria Clara Machado e comemorar os prêmios de “Pluft, o fantasminha”, vencedor nas categorias melhor filme infantil e melhores efeitos especiais.
Estrelado por Ricardo Darin e dirigido por Santiago Mitre, “Argentina, 1985” foi escolhido o melhor longa íbero-americano, enquanto “Elvis”, de Baz Luhrmann, foi eleito o melhor filme internacional, o que rendeu uma piada do apresentador Silvio Guindane.
— O Baz Luhrmann veio? Queria tirar o uma foto com ele.
Confira a lista completa dos vencedores, com os premiados destacados em negrito.
Melhor longa-metragem de ficção
- “A viagem de Pedro”
- “Eduardo e Mônica”
- “Marte um” (vencedor)
- “Medida provisória”
- “Paloma”
Melhor longa-metragem documentário
- “A jangada de Welles”
- “Amigo secreto”
- “Clarice Lispector – A descoberta do mundo”
- “Kobra auto retrato” (vencedor)
- “O presidente improvável”
Melhor longa-metragem comédia (voto popular)
- “Bem-vinda a Quixeramobim” (vencedor)
- “Jesus Kid”
- “O clube dos anjos”
- “Papai é pop”
- “Vale night”
Melhor longa-metragem infantil
- “Alice dos Anjos”
- “Alice no Mundo da Internet”
- “DPA 3 – Uma Aventura no Fim do Mundo”
- “Pequenos Guerreiros”
- “Pluft, o fantasminha” (vencedor)
Melhor longa-metragem animação
- “Além da lenda – O filme”
- “Meu amigãozão – O filme”
- “Meu tio José”
- “Tarsilinha” (vencedor)
- “Tromba trem – O filme”
Melhor direção
- Gabriel Martins, por “Marte um” (vencedor)
- Laís Bondanzky, por “A viagem de Pedro”
- Marcelo Gomes, por “Paloma”
- René Sampaio, por “Eduardo e Mônica”
- Rosane Svartman, por “Pluft, o Fantasminha”
Melhor primeira direção de longa-metragem
- Angelo Defanti, por “O clube dos anjos”
- Bruno Torres, por “A espera de Liz”
- Caio Blat, por “O debate”
- Carolina Markowicz, por “Carvão” (vencedora)
- Lázaro Ramos, por “Medida provisória”
Melhor atriz
- Alice Braga, por “Eduardo e Mônica”
- Andréa Beltrão, por “Ela e eu”
- Dira Paes, por “Pureza” (vencedora)
- Kika Sena, por “Paloma”
- Marcélia Cartaxo, por “A mãe”
Melhor ator
- Alfred Enoch, por “Medida provisória”
- Antônio Pitanga, por “Casa de antiguidades”
- Carlos Francisco, por “Marte um” (vencedor)
- Cauã Reymond, por “A viagem de Pedro”
- Gabriel Leone, por “Eduardo e Mônica”
Melhor atriz coadjuvante
- Adriana Esteves, por “Medida provisória” (vencedora)
- Camila Márdila, por “Carvão”
- Camilla Damião, por “Marte um”
- Drica Moraes, por “As verdades”
- Helena Ignez, por “A mãe”
Melhor ator coadjuvante
- André Abujamra, por “O clube dos anjos”
- Augusto Madeira, por “O clube dos anjos”
- Cícero Lucas, por “Marte um” (vencedor)
- Emicida, por “Medida provisória”
- Flávio Bauraqui, por “Medida provisória”
Melhor direção de fotografia
- Adrian Teijido, por “Medida provisória”
- Felipe Reinheimer, por “Pureza”
- Gustavo Hadba, por “Eduardo e Mônica”
- Leonardo Feliciano, por “Marte um” (vencedor)
- Pedro J. Marquez, por “A viagem de Pedro”
- Pepe Mendes, por “Carvão”
Melhor roteiro original
- Bruno Torres e Simone Iliescu, por “A espera de Liz”
- Carolina Markowicz, por “Carvão”
- Gabriel Martins, por “Marte um” (vencedor)
- Laís Bodanzky, por “A viagem de Pedro”
- Marcelo Gomes, Armando Praça e Gustavo Campos, por “Paloma”
Melhor roteiro adaptado
- Aly Muritiba, por “Jesus Kid”
- Angelo Defanti, por “O clube dos anjos” (vencedor)
- Jorge Furtado e Guel Arraes, por “O debate”
- Lusa Silvestre, Lázaro Ramos, Elisio Lopes Jr. e Aldri Anunciação, por “Medida provisória”
- Matheus Souza, Claudia Souto, Jessica Candal e Michele Frantz, por “Eduardo e Mônica”
Melhor direção de arte
- Adrian Cooper, por “A viagem de Pedro” (vencedor)
- Fernanda Carlucci, por “O clube dos anjos”
- Marcos Pedroso, por “Paloma”
- Rimenna Procópio, por “Marte um”
- Tiago Marques, por “Eduardo & Mônica”
- Tiago Marques, por “Medida provisória”
Melhor figurino
- Alex Brollo, por “Medida provisória”
- Gabi Campos, por “Paloma”
- Marina Sandim, por “Marte um”
- Marjorie Gueller, Joana Porto e Patrícia Dória, por “A viagem de Pedro” (vencedor)
- Valeria Stefani, por “Eduardo e Mônica”
Melhor maquiagem
- Adriano Manques, por “Medida provisória”
- Amanda Mirage, por “O clube dos anjos”
- Auri Mota, por “Eduardo e Mônica”
- Donna Meirelles, por “Paloma”
- Mari Figueiredo e Cacá Zech, por “Pluft, o fantasminha”
- Tayce Vale e Blue, por “A viagem de Pedro” (vencedor)
Melhores efeitos visuais
- “A viagem de Pedro”
- “Marte um”
- “Jesus Kid”
- “A espera de Liz”
- “Medida provisória”
- “Pluft, o fantasminha” (vencedor)
Melhor montagem
- Diana Vasconcellos, por “Medida provisória”
- Eduardo Gripa, por “A viagem de Pedro”
- Livia Arbex, por “O clube dos anjos”
- Marcelo Moraes, por “Pureza”
- Thiago Ricarte e Gabriel Martins, por “Marte um” (vencedor)
Melhor som
- “Pluft, o fantasminha”
- “A espera de Liz”
- “Alemão 2”
- “Medida provisória”
- “Marte um” (vencedor)
Melhor trilha sonora
- André Abujamra, por “O clube dos anjos”
- Daniel Simitan, por “Marte um”
- Nelson Soares e Marcos Moreira, por “Paloma”
- Pedro Guedes, Fabiano Krieger e Lucas Marcier, por “Eduardo e Mônica” (vencedor)
- Plínio Profeta, Rincon Sapiência e Kiko De Sousa, por “Medida provisória”
Melhor filme íbero-americano
- “1976” (Chile e Argentina)
- “Argentina, 1985” (Argentina) (vencedor)
- “As bestas” (Espanha)
- “La Jauría” (Colômbia)
- “Restos do vento” (Portugal)
Melhor filme internacional
- “1982” (Líbano)
- “A mulher rei” (EUA)
- “Avatar: O caminho da água” (EUA)
- “Boa sorte, Leo Grande” (Reino Unido)
- “Elvis” (EUA) (vencedor)
- “Pantera Negra: Wakanda para sempre” (EUA)
- “Top Gun: Maverick” (EUA)
Melhor curta-metragem animação
- “A menina atrás do espelho” (vencedor)
- “Em busca da terra-música prometida”
- “Meu nome é Maalum”
- “Nonna”
- “O senhor do trem”
Melhor curta-metragem documentário
- “A última praga de Mojica”
- “Carta para Glauber”
- “Peixes não se afogam”
- “Território Pequi” (vencedor)
- “Trópico de Capricórnio”
Melhor curta-metragem ficção
- “Ainda restarão robôs nas ruas do interior profundo”
- “Big bang” (vencedor)
- “Fantasma neon”
- “Infantaria”
- “Sobre amizade e bicicletas”
- “Último domingo”
Melhor série brasileira animação
- “Cordélicos” (1ª temporada)
- “O show da Luna” (7ª temporada)
- “Passagens da independência” (1ª temporada)
- “Vamos brincar com a Turma da Mônica” (1ª temporada) (vencedora)
Melhor série brasileira documentário
- “Em casa com os Gil” (1ª temporada)
- “Lei da selva – A história do jogo do bicho” (1ª temporada)
- “O caso Celso Daniel” (1ª temporada)
- “Pacto brutal – O assassinato de Daniela Perez” (1ª temporada) (vencedora)
- “PCC – Poder secreto” (1ª temporada)
Melhor série brasileira ficção
- “Bom dia, Verônica” (2ª temporada)
- “Manhãs de setembro” (2ª temporada) (vencedora)
- “Rota 66 – A polícia que mata” (1ª temporada)
- “Sob pressão” (5ª temporada)
- “Turma da Mônica – A série” (1ª temporada)
Fonte O Globo