Ato na Paulista a favor da anistia reúne cerca de 44,9 mil manifestantes
Segundo a USP esse foi o público

Método usado pelo Monitor do Debate Político do Cebrap e pela ONG More In Common utiliza imagens da multidão capturadas por drones. Entenda como foi feita a contagem.
O ato com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista neste domingo, 6 de abril, a favor da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro reuniu cerca de 44,9 mil manifestantes, segundo metodologia do Monitor do Debate Político do Cebrap em parceria com a ONG More in Common, que consiste em usar imagens da multidão, capturadas por drones.
A contagem foi feita no momento de pico da manifestação, às 15h44, a partir de fotos aéreas analisadas com software de inteligência artificial.
Há 3 semanas, uma outra manifestação, no Rio de Janeiro, também convocada por Bolsonaro e aliados, reuniu cerca de 18,3 mil pessoas, segundo a mesma metodologia.

Como foi o ato
Além de Bolsonaro, estavam presentes na manifestação o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); o de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); o do Paraná, Ratinho Junior; o do Amazonas, Wilson Lima; o de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); o de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil); e o de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).
O protesto começou em torno das 14h. Houve discursos com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a favor do projeto de lei em tramitação na Câmara que concede anistia a condenados pelos atos antidemocráticos, como a cabeleireira Débora Rodrigues Santos, presa por ter pichado com um batom a estátua “A Justiça”. O ataque às instituições da República foi o maior desde que o Brasil voltou a ser uma democracia.
Discurso de Bolsonaro
Por volta das 15h40, Jair Bolsonaro discursou e pediu anistia para os presos pelos atos golpistas. Fez críticas ao STF e ao presidente Lula. Ao defender o seu governo, elogiou a sua equipe econômica na época, citou a criação do PIX entre os feitos da sua gestão e afirmou ter havido uma “interferência” que fez mudar o resultado final das eleições de 2022.
“Sabíamos o que estávamos fazendo, mas, lamentavelmente, a pressão foi enorme, inclusive, de fora do Brasil, mas temos esperança”, afirmou.
O ex-presidente lembrou ainda quando viajou aos Estados Unidos dias antes do fim do seu mandato. Ele disse que “o golpe deles só não foi perfeito” porque no dia 30 de dezembro de 2022 ele saiu do país. “Algo me avisou”, afirmou, acrescentando que, se estivesse no Brasil em 8 de janeiro, teria sido preso “e estaria apodrecendo até hoje ou até assassinado”.
Bolsonaro também citou o filho Eduardo Bolsonaro, que se licenciou do mandato de deputado federal e se mudou para os Estados Unidos alegando perseguição política.
“Tenho esperança que de fora venha alguma coisa para cá”, afirmou, acrescentando que Eduardo “tem contato com pessoas importantes do mundo todo e está lá nos EUA”, mas sem dar detalhes. Um dos aliados de quem a família Bolsonaro busca apoio é o presidente americano, Donald Trump.
O ex-presidente criticou ainda o fato de estar inelegível por ter apenas “se reunido com embaixadores”, mas disse que “eleições em 2026 sem Jair Bolsonaro é negar a democracia, é escancarar a ditadura no Brasil”.
Em junho de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou Bolsonaro à inelegibilidade por 8 anos, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
A Justiça Eleitoral entendeu que a reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, teve uso eleitoral. No encontro, Bolsonaro fez afirmações sem provas sobre o sistema eleitoral brasileiro. O encontro, ocorrido em julho de 2022, foi transmitido pela TV oficial do governo. Com a decisão, a Corte Eleitoral determinou que o ex-presidente fique fora das urnas por 8 anos, até 2030.
Fonte g1