Tiroteio na Avenida Brasil: conheça a história dos três mortos
As três vítimas foram feridas na cabeça
Três vítimas fatais de tiroteio na Avenida Brasil: Renato estava no ônibus; Geneilson dirigia caminhão; e Paulo Roberto estava no carro.
Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Renato Oliveira Alves Reis era funcionário de uma empresa que presta serviços à Marinha. Ontem, ele decidiu que iria levar o café da manhã para os colegas de trabalho: colocou pão, mortadela e refrigerante numa bolsa e pegou um ônibus da linha 493 (Ponto Chic-Central) com um amigo, Adonias dos Santos. Cochilaram na viagem, e, na Avenida Brasil, na altura da Cidade Alta, em Cordovil, ficaram em meio a uma chuva de tiros. Renato foi alvejado na cabeça, ainda dormindo. Aos 48 anos, casado, com quatro filhos e uma neta, ele acabou se tornando um dos três inocentes mortos na explosão de violência que atingiu a região da Zona Norte do Rio.
Segundo autoridades, Renato, o motorista de aplicativo Paulo Roberto de Souza, de 60 anos, e o caminhoneiro Geneilson Eustáquio Ribeiro, de 49, foram mortos num momento em que bandidos comandados pelo traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, passaram a atirar em direção à Avenida Brasil. O objetivo seria balear inocentes para forçar a PM a suspender uma operação na Cidade Alta, que faz parte do Complexo de Israel. Outras três pessoas foram atingidas, mas, até o fim da noite, apenas uma seguia hospitalizada. A corporação admitiu que foi surpreendida pela reação dos criminosos e afirmou que, para evitar uma tragédia maior, teve de recuar.
— Como vai ser agora? Éramos vizinhos, nos víamos todo dia! A realidade do Brasil é essa, a gente sai de casa e não sabe se vai voltar — lamentou Adonias, aos prantos.
Tiroteio na Avenida Brasil interditou via e interrompeu o trânsito, veja fotos abaixo:
Júlio Santos da Costa também fez um desabafo ao comentar a morte do amigo Paulo Roberto. O motorista de aplicativo, que morava em Nilópolis, na Baixada, deixa esposa, dois filhos e um neto.
— A bala entrou por trás do carro e pegou na cabeça. Paulo Roberto levava um passageiro, que tentou socorrê-lo. Meu amigo era honesto, mas o Rio está isso aí. Virou mais um trabalhador que perdeu a vida num tiroteio — disse Júlio.
Pai de uma menina e um rapaz, Geneilson, de 49 anos, também foi atingido na cabeça, enquanto dirigia um caminhão da empresa para a qual trabalhava. Era casado com Rejane Alves, em quem deu um beijo antes de sair de casa, em Xerém, na Baixada.
— Ele levantou da cama sorrindo e cantando. Era muito alegre — contou a viúva. Bandidos teriam atingido inocentes para forçar policiais a saírem da Cidade Alta.
Ataque surpreendeu
De acordo com a porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Claudia Moraes, a operação de ontem visava ao combate de roubos de cargas e veículos no Complexo de Israel. Foram mobilizados homens de três batalhões, o 16º BPM (Olaria), o 3º BPM (Méier) e o 4º BPM (São Cristóvão), mas o poderia bélico do tráfico forçou o recuo da tropa.
— O que os policiais encontraram é algo que estava acima do que geralmente encontram na região. A gente não tinha dados de inteligência para sinalizar para essa situação naquele momento — revelou a oficial.
Claudia disse que uma viatura foi atingida por 20 tiros e explicou o recuo da tropa: — O mais importante era manter a segurança de quem estava na avenida. Essa decisão estratégica foi necessária. Não foi uma questão de não ter condições de progredir no terreno.
Fonte EXTRA