Morre o jornalista Cid Moreira, aos 97 anos
A voz mais marcante do jornalismo
Apresentador estava internado em um hospital em Petrópolis, na Região Serrana do RJ, e vinha tratando de uma pneumonia.
Morreu na manhã desta quinta-feira, 3, o jornalista e ex-apresentador do “Jornal Nacional” Cid Moreira, aos 97 anos. Ele estava internado no hospital Santa Teresa, em Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, desde a semana passada, e nas últimas semanas vinha tratando de uma pneumonia.
Cid morreu por volta das 8h, de insuficiência renal crônica. Ele fez aniversário no último domingo, 29 de setembro. O apresentador era casado havia 23 anos com a jornalista Fátima Sampaio, que optou por esconder a informação sobre a internação do marido.
No último sábado, 28 de setembro, o jornalista estava fazendo diálise peritoneal há quatro anos em casa e tinha que fazer um check-up geral de três em três meses no hospital.
“Ele veio várias vezes no hospital e ficou o dia inteiro, para fazer quatro, cinco exames. Ele toma algumas injeções que ajuda a dar forças e teve uma infecção na bexiga e tomou antibiótico. Esse ano também ele teve duas ameças de trombose e uma de pneumonia”, contou Fátima.
Nesta quinta-feira, 3, Fátima explicou no programa “Encontro” o motivo de ter escondido a informação de que Cid estava internado.
“Não contei para ninguém para manter a privacidade dele, esperando que ele fosse voltar para casa. Fiz meu melhor como ser humano. Temos quase 25 anos juntos, não é brincadeira, é uma história e tanto. Sei da idade dele, mas sempre falava que queria mais um pouquinho. Ele sempre falava que estava cansado, que os últimos anos tinham sido difíceis. O Rim, o problema crônico, que cansa a pessoa, a máquina faz um trabalho maravilhoso, mas não é o seu órgão. Ele estava lúcido até o fim”, disse ela.
Vida e carreira
Cid Moreira nasceu em Taubaté, no Vale do Paraíba, em 1927 — ele completou 97 anos no último domingo, 29 de setembro.
O jornalista iniciou a carreira no rádio em 1944, depois de ser descoberto por um amigo que o incentivou a fazer um teste de locução na Rádio Difusora de Taubaté. Nos anos seguintes, entre 1944 e 1949, ele narrou comerciais até se mudar para São Paulo, onde trabalhou na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.
Em 1951, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Foi lá que, entre 1951 e 1956, começou a ter suas primeiras experiências na televisão, apresentando comerciais ao vivo em programas como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, na TV Rio.
Sua estreia como locutor de noticiários aconteceu em 1963, no “Jornal de Vanguarda”, da TV Rio, o que marcou o início de sua carreira no jornalismo televisivo. Nos anos seguintes, trabalhou nesse mesmo programa em várias emissoras, como Tupi, Globo, Excelsior e Continental, consolidando sua presença na televisão.
Em 1969, Cid Moreira voltou à Globo para substituir Luís Jatobá no “Jornal da Globo”. No mesmo ano, foi escalado para a equipe do recém-lançado “Jornal Nacional”, o 1º telejornal transmitido em rede no Brasil. A estreia ocorreu em setembro de 1969, e Cid dividiu a bancada com Hilton Gomes.
Dois anos depois, iniciou uma parceria de longa data com Sérgio Chapelin. Durante 26 anos, Cid foi o principal rosto do JN. Sua voz tornou-se sinônimo de credibilidade, e seu “boa-noite” diário marcou a televisão brasileira.
Em 1996, uma reformulação do programa trouxe novos apresentadores, William Bonner e Lillian Witte Fibe, com Cid Moreira dedicando-se à leitura de editoriais.
‘Senhor de todos os sortilégios’
Paralelamente, Cid também participou do “Fantástico” desde sua estreia, em 1973, revezando com outros apresentadores. Em 1999, ele narrou o famoso quadro de Mr. M, que se tornou um grande sucesso do programa. Sua voz icônica ficou tão ligada ao quadro que ele entrevistou o próprio Mr. M quando o ilusionista visitou o Brasil no ano seguinte.
A partir da década de 1990, Cid começou a se dedicar à gravação de salmos bíblicos. Em 2011, realizou o objetivo de gravar a Bíblia na íntegra, projeto que se tornou um grande sucesso de vendas.
Em 2010, foi lançada a biografia “Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil”, escrita por sua esposa, Fátima Sampaio Moreira. Durante a Copa do Mundo daquele ano, ele gravou a famosa vinheta “Jabulaaani!” para a cobertura do “Fantástico” e programas esportivos da Globo, adicionando mais um capítulo à sua ilustre carreira.
Fontes EXTRA e O Globo