Bossa Nova vira Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Rio de Janeiro
Vereadores aprovaram hoje,3
Surgido na Zona Sul do Rio no final da década de 1950, o gênero musical é uma marca registrada da cultura carioca e brasileira, admirada em todo o mundo.
A Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou, nesta terça-feira, 3 de setembro, a derrubada do veto do Poder Executivo, garantindo a promulgação da lei que reconhece a Bossa Nova como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial da Cidade do Rio. O gênero musical, que surgiu na Zona Sul da cidade no final da década de 1950, é frequentemente a primeira referência sobre a capital carioca e o Brasil para muitos estrangeiros.
O estilo, que teve como principais expoentes o estilo de vida dos cariocas Tom Jobim e Vinícius de Moraes, ganhou o mundo com a icônica canção “Garota de Ipanema”, que continua a influenciar artistas internacionalmente.
— A Bossa Nova é uma referência mundial do Brasil e do Rio de Janeiro. É mais do que um patrimônio. Quem nunca se encantou ou se emocionou com os versos de Tom e Vinicius? Foi um movimento musical que fez história e está marcado para sempre na alma de todo o carioca — declarou Carlo Caiado (PSD), presidente da Câmara dos Vereadores e um dos autores do projeto.
Em 2007, a prefeitura já havia decretado o tombamento da Bossa Nova como patrimônio histórico cultural de natureza imaterial. Naquela ocasião, o prefeito era Cesar Maia, que hoje é um dos vereadores responsáveis pelo atual projeto legislativo.
Após a recente aprovação da PL pela Câmara, o prefeito Eduardo Paes vetou o texto, alegando que o legislativo “invadiu uma área que não lhe compete”, violando a separação dos poderes. Segundo Paes, o reconhecimento de um Bem Cultural de Natureza Imaterial é uma prerrogativa exclusiva do Poder Executivo, não cabendo ao Legislativo realizar tal ação por meio de lei.
No entanto, o veto de Paes foi derrubado pela Câmara, e agora o projeto dos vereadores deverá ser promulgado.
Gênero musical nasceu de encontros casuais
A Bossa Nova nasceu de encontros casuais entre jovens músicos cariocas em apartamentos dos bairros de Copacabana e Ipanema, com um dos principais pontos de reunião sendo a casa de Nara Leão. Em 1957, compositores como Billy Blanco, Carlos Lyra e Roberto Menescal já se encontravam regularmente para compor.
O movimento se apresentou ao público pela primeira vez em 1958, no show improvisado “Sylvinha Telles e um grupo bossa-nova”. No entanto, foi em 1959 que a Bossa Nova consolidou-se, com o lançamento de “Chega de Saudade”, uma composição de Tom Jobim e Vinícius de Moraes que deu nome ao primeiro LP de João Gilberto.
O sucesso entre jovens universitários rapidamente se espalhou, e a popularidade do gênero alcançou todo o país e o mundo nos anos 1960. A Bossa Nova carioca, representada também por nomes como Edu Lobo, Marcos Valle, Eumir Deodato, Wanda Sá, Francis Hime e Dorival Caymmi, tornou-se um símbolo cultural do Brasil.
Fonte O Globo