OMS lança 1ª diretriz com medidas eficazes para parar de fumar

De remédios a aplicativos, o que funciona?

Suécia sem cigarro. Foto: Freepik — Foto: Freepik

No Brasil, apenas parte dos tratamentos farmacológicos está disponível no SUS.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, nesta terça-feira, a 1ª diretriz de tratamento clínico voltada para pessoas que querem deixar de fumar. O documento reúne as intervenções consideradas eficazes para a cessação do tabagismo, entre remédios e abordagens comportamentais.

O órgão afirma que o documento é focado nos consumidores de diferentes formas de tabaco pelo mundo que buscam interromper o uso, destacando que as recomendações são válidas tanto para o cigarro convencional, como para os eletrônicos, o artesanal, narguilés, charutos, entre outros.

“Essa diretriz representa um marco crucial em nossa batalha global contra esses produtos perigosos. Ela capacita os países com as ferramentas essenciais para apoiar efetivamente os indivíduos a parar de fumar e aliviar a carga global de doenças relacionadas ao tabaco”, diz o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em comunicado.

A organização estima que 60% dos 1,25 bilhão de consumidores de tabaco pelo mundo (750 milhões) desejam largar o hábito, mas que 70% deles não têm acesso a serviços eficazes de cessação.

“A imensa luta que as pessoas enfrentam quando tentam parar de fumar não pode ser exagerada. Precisamos valorizar profundamente a força que é necessária e o sofrimento suportado pelos indivíduos e seus entes queridos para superar esse vício”, afirma o diretor de Promoção da Saúde da OMS, Rüdiger Krech.

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O que funciona para deixar de fumar?

Segundo a nova diretriz da OMS, combinar o uso de remédios com intervenções comportamentais é a forma mais eficaz de cessar o tabagismo. A organização incentiva países a oferecem esses serviços de forma gratuita, ou com valores reduzidos, especialmente no caso de nações de média e baixa renda.

Entre as alternativas farmacológicas, a organização recomenda a Terapia de Reposição de Nicotina (TRN), como adesivos, pastilhas e gomas de nicotina, e os remédios bupropiona, vareniclina e cistina.

Já em relação às intervenções comportamentais, a OMS orienta a oferta de aconselhamento breve de profissionais de saúde (30 segundos a 3 minutos) de forma rotineira em ambientes de assistência médica junto com suporte comportamental de forma mais intensa (aconselhamento individual, em grupo ou por telefone) para usuários interessados.

Além disso, sugere que as intervenções digitais, como mensagens de texto, aplicativos para smartphones e programas online, podem ser usadas como complementos ou ferramentas de autogerenciamento.

No Brasil, por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PCNT), o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece de forma gratuita acesso à TRN e à bupropiona, além de terapia cognitivo comportamental.

Em 2019, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) avaliou a inclusão da vareniclina, comercializada pela Pfizer sob o nome de Champix, mas recomendou que o fármaco não fosse ofertado na rede pública pelo alto custo.

No ano passado, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) publicou uma carta aberta em que destacou a importância de se oferecer o medicamento no SUS citando a existência da vareniclina genérica, que tem custo reduzido.

Além disso, afirmou que, embora ainda não registrada no Brasil, a citisina teve “ótima eficácia e tolerabilidade” em estudo de fase 3 conduzido nos Estados Unidos ao defender um esforço também para sua incorporação. No trabalho, publicado na revista científica JAMA, um terço dos fumantes que receberam o medicamento deixaram o hábito.

“Este chamado à ação propõe uma harmônica articulação entre o Ministério da Saúde, o INCA, Anvisa e Conitec no sentido de garantir o fornecimento de vareniclina genérica e de citisina no SUS. (…) O Brasil, citado internacionalmente como exemplo no combate rígido ao tabagismo, não pode carecer de terapias eficazes para auxiliar nossos fumantes a conquistarem uma vida mais longa e de melhor qualidade sem o cigarro/nicotina”, diz a carta da SBPT.

Hoje, no país, 9,3% dos brasileiros com mais 18 anos são fumantes, segundo a edição de 2023 do levantamento Vigitel, do Ministério da Saúde. Há 35 anos, em 1989, esse percentual era de 34,8% da população adulta, de acordo com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) da época.

Já num esforço para ampliar o acesso às terapias em âmbito mundial, a OMS deu início, no ano passado, ao processo de pré-qualificação de fármacos direcionados à dependência de tabaco. A etapa é necessária para que os tratamentos sejam elegíveis à aquisição por fundos como a ONU e a Unicef, o que elevaria a distribuição pelo mundo.

Em abril deste ano, o adesivo e a goma de nicotina da marca Kenvue foram os primeiros produtos a serem pré-qualificados pela organização.

Fonte Saúde / O Globo

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