Prefeitura do Rio decreta fim da Feira de Acari
Medida saiu no Diário Oficial do Município.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, assinou decreto que extingue a famosa Feira de Acari, conhecida por vender produtos baratos e sem origem comprovada. A medida foi publicada no Diário Oficial do Município desta terça-feira, 23 de janeiro.
A feira nascida em meados dos anos 1970 às margens da linha do trem, perto do Morro da Pedreira, é conhecida em todo o país e o ganha-pão de muito trabalhador honesto.
Há décadas, no entanto, as autoridades também combatem a origem “misteriosa” de produtos e até de animais silvestres, em dezenas de investigações e operações policiais. Nem a população perdoa: devido à tradição da venda de itens roubados, o comércio ganhou apelidos como “robauto”.
Recentemente, os preços bem abaixo de mercado levaram a Feira de Acari a protagonizar vídeos virais em plataformas como o Tik Tok. O “sucesso” em todo o país não é novidade para a feira, que antes mesmo de ser cantada por Jorge Ben Jor foi tema de “Feira de Acari”, do MC Batata.
A feira é montada aos domingos, na Avenida Pastor Martin Luther King Jr.
Em tempos digitais, a feira tem virado alvo de influencers. Uma usuária do Tiktok, por exemplo, mostrou um pacote de camarões a R$ 10 – cerca de quatro vezes mais barato que o valor de mercado.
Peças de salame, que segundo ela estão a R$ 150 no mercado, eram vendidas a R$ 49,90. No mesmo vídeo, com mais de 14 mil curtidas na plataforma, macarrões instantâneos podem ser vistos a R$ 1 real o pacote.Outro influenciador mostrou um ar-condicionado de R$ 2,3 mil sendo vendido a R$ 1 mil.
Uma postagem de outro perfil mostra uma televisão de 50 polegadas, 4k, vendida a R$ 1,7 mil– em pesquisa em sites, o preço mais baixo q foi de R$ 2,3 mil.
Críticas à proibição da Feira
A proibição gerou críticas imediatas. A vereadora Thais Ferreira (PSOL-RJ) comentou que muitos dos feirantes – que serão impedidos de trabalhar caso a feira seja proibida – foram vítimas da enchente que causou mortes e desalojou milhares de pessoas há uma semana.
“Num momento em que Acari sofre com o impacto das chuvas de verão, graças à falta de políticas públicas, a Feira de Acari, reconhecida como patrimônio cultural de natureza imaterial da cidade, é ameaçada pela Prefeitura com uma justificativa que demonstra ainda mais a ausência das autoridades na garantia dos direitos básicos da população desse território. Se o problema são os produtos desconhecidos, que tenha fiscalização!”, escreveu.
“Uma grande maioria da população do território de Acari sofreu perdas sem precedentes com as últimas chuvas. Nós vimos, nos últimos dias, as cenas tristes de casas com água até o teto. Muitos desses moradores têm a feira como única fonte de renda. Que alternativa será dada para essas pessoas?”, postou a vereadora.
Nas redes sociais, muita gente também criticou:
“Fechar a feira de Acari é mais fácil do que reprimir a venda e receptação de produtos roubados? E os demais feirantes que trabalham de forma correta ali, como farão? Nossos políticos cariocas seguem sendo ‘geniais e imparciais’”, escreveu um empresário.
Fonte g1