Flamengo desafia fluxo financeiro para pagar De La Cruz à vista
Nicolas de la Cruz está na mira do Flamengo.
Clube terá que equilibrar ímpeto consumista no mercado entre desejo por uruguaio e freio de Landim sobre gastos.
Ativo no mercado e dono de um orçamento bilionário, o Flamengo terá que equilibrar seu ímpeto consumista. O clube corre o risco de esticar demais a corda no início de 2024 para fazer as sonhadas contratações para reformular seu elenco, e uma delas em especial ameaça o fluxo financeiro do primeiro trimestre.
A decisão de pagar à vista pela compra do meio-campo De La Cruz, do River Plate, foi alvo de ressalvas internas, pois o valor integral é considerado elevado para ser debitado da conta do clube logo no começo do ano, época em que as receitas são as piores possíveis.
Mesmo que consiga trazer o jogador por 16 milhões de dólares, cerca de R$ 80 milhões, mesma quantia oferecida por outras equipes, a movimentação será desafiadora ainda que para o robusto cofre rubro-negro, que tem conta elevadíssima para pagar na virada do ano.
Se o clube tiver que pagar o valor exato da multa rescisória, de 22 milhões de dólares, serão R$ 110 milhões, quantia ainda mais complexa para ser liberada de uma só vez. Por conta disso, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, vetou o pedido do departamento de futebol para gastar R$ 200 milhões com contratações para a temporada 2024.
A quantia era o valor inicialmente demandado pelo vice de futebol Marcos Braz e o diretor Bruno Spindel, mas após consulta ao departamento financeiro e ao Conselho Fiscal, o presidente voltou atrás. Landim entendeu que o Flamengo não poderia partir de um gasto de R$ 200 milhões pois esse valor representaria uma quantia muito maior em função de outros custos associados às operações de compra de jogadores.
O Flamengo sabe que quanto maior o valor de compra de um atleta maior é o percentual de comissão, sem falar na incisão de imposto sobre a remessa paga. A operação de De La Cruz pode chegar a chegar a mais de R$ 125 milhões. O valor provisionado pelo clube e aprovado pelo Conselho de Administração para contratações no primeiro trimestre foi de R$ 160 milhões em aquisição de direitos econômicos.
Orçamento apertado
Só o pagamento da multa de Nicolas De La Cruz representará mais da metade do valor previsto pelo Flamengo para investir em reforços na janela de transferências. Em cima do valor da multa ainda haverá a quantia acordada para ser paga ao jogador e seus representantes como luvas e comissionamento. Vale lembrar que o Flamengo ainda tem pagamentos pendentes de atletas contratados nos últimos anos, mas que tiveram seus valores diluídos ao longo do tempo de contrato. Sem falar em uma folha salarial acima dos R$ 20 milhões.
A conta não fecha. No mercado na busca por zagueiros, laterais, meio-campistas e até atacantes, a criatividade precisará ser aliada do Flamengo. Se insistir em comprar De La Cruz pelo valor exigido, terá que buscar acordos mais flexíveis em outras frentes O zagueiro Léo Ortiz, do Red Bull Bragantino, é um deles. A oferta de 5 milhões de euros foi recusada e o clube paulista quer mais.
Em meio aos alvos já conhecidos, a diretoria do Flamengo intensificou conversas com o Corinthians sobre a possível troca de jogadores para 2024. Os representantes dos dois clubes sinalizaram entre si o interesse em relação a posições carentes de cada lado e apresentaram as possíveis condições para haver negócio.
No meio desse diálogo, o nome de Gabigol ainda não entrou na pauta de maneira concreta. Outros atletas foram apontados como “negociáveis” de parte à parte para tentar chegar a um acordo. Entre eles, a possível liberação do meio-campo Fausto Vera para o Flamengo em troca de outros jogadores com quem Tite não conta. Matheuzinho e Thiago Maia estariam entre eles. O Flamengo também tem interesse de trazer o zagueiro Bruno Mendez, em fim de contrato com o Corinthians, que não propôs uma renovação pois o atleta se fechou para negociar a permanência.