Exército israelense diz que ofensiva em Gaza terá ataques por ‘ar, mar e terra’

Entrar no centro do enclave será exigido.

Foto: Jack Guez/AFP

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram abertamente, neste sábado, que há a necessidade de uma “manobra terrestre” e que ela “exigirá a entrada no centro de Gaza” para chegar aos integrantes do Hamas. A declaração é a confirmação mais clara e pública sobre a esperada invasão por terra em Gaza, que vem sendo especulada desde o ataque terrorista do grupo palestino, na semana passada.

“Os batalhões e soldados do Exército israelense estão destacados por todo o país e estão preparados para aumentar a prontidão para as próximas fases da guerra, com ênfase em uma operação terrestre significativa”, informou um comunicado divulgado pelas IDF neste sábado. Ainda de acordo com os militares, detalhes operacionais em torno da ofensiva ainda não foram definidos, e avaliações estão sendo feitas junto ao establishment político.

O comunicado verbaliza o que muitos analistas anteciparam após o ultimato israelense para que a população civil deixasse o norte de Gaza, na sexta-feira. O prazo foi ampliado uma vez para às 16h (10h em Brasília) deste sábado, e não recebeu nenhuma nova extensão, apesar dos pedidos e apelos da comunidade internacional de que o tempo não era suficiente para uma evacuação completa.

Embora os detalhes da ofensiva ainda estejam em fase de planejamento, o jornal israelense Haaretz, citando as IDF, noticiaram que os preparativos que estão sendo feitos incluem uma campanha extensa, com ataques coordenados e integrados “por ar, mar e terra”.

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, conversa com soldados em local atacado pelo Hamas — Foto: Reprodução / Twitter

As lideranças militar e política de Israel não diminuíram o tom da resposta da declaração de guerra ao Hamas, mesmo diante dos apelos de moderação da comunidade internacional e pedidos para poupar danos a civis. Em visita a tropas deslocadas para a fronteira com Gaza, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o conflito “vai continuar” por algum tempo.

— Vocês estão prontos para o que está por vir? Isso vai continuar — disse Netanyahu aos soldados israelenses, vestindo colete a prova de balas.

A tônica é a mesma no gabinete de Netanyahu. O ministro de governo Gideon Sa’ar afirmou, em uma entrevista a TV israelense, que a Faixa de Gaza “precisa ficar menor ao fim da guerra” e que deve haver uma área classificada como zona de segurança, onde quem entrar seja interceptado.

— Os acampamentos em Gaza não devem ser renovados… mas eles [palestinos] devem pagar o preço da derrota — disse o ministro. —Nós precisamos deixar o objetivo da nossa campanha claro para todos em volta. Quem quer que comece uma guerra contra Israel precisa perder território.

Ultimato de Israel ordena que população do norte de Gaza deixe a região — Foto: O Globo

A dimensão do impacto de uma invasão de Gaza pelo Exército israelense é difícil de estimar, no entanto, a preocupação da comunidade internacional com a crise humanitária na região só aumenta com a decisão resoluta de Israel em fazer o enclave palestino pagar o preço pelo ato de terrorismo do Hamas.

A ONU emitiu um alerta de que ao menos 2 milhões de pessoas estão sob risco de ficar sem água na região, que já sofre com escassez de combustível, essencial para o abastecimento elétrico. De acordo com a Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), as pessoas estão tendo de recorrer a água suja de poços, aumentando o risco de doenças.

“Tornou-se uma questão de vida e morte. Combustíveis precisam ser entregues para deixar água disponível para 2 milhões de pessoas”, disse em um comunicado Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, apontando que as três usinas de dessalinização de Gaza, que produziam 21 milhões de litros de água potável por dia, paralisaram as operações após ficar sem energia.

Quase 1 milhão de pessoas — ou cerca de metade dos 2,2 milhões de moradores locais — foram desalojadas desde que o conflito começou, há oito dias.

Fonte EXTRA

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