Guerra Rússia/Ucrânia completa um ano sem perspectiva de fim
Hoje, 24 de fevereiro, o conflito entra no marco de um ano.
Especialistas pontuam que há riscos de novos desdobramentos, como o envolvimento de outros países ou ameaça nuclear.
Há exatamente um ano, no dia 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invadiu o território da Ucrânia. De lá para cá, a estimativa é que o conflito no leste europeu já tenha deixado cerca de 300 mil mortos, entre soldados ucranianos, russos e civis. Recentemente, a guerra teve uma escalada, por meio do envio de ajuda ao exército ucraniano pelos Estados Unidos e Alemanha e, também, dos discursos dos presidentes Joe Biden e Vladimir Putin. Após um ano, o conflito parece longe do fim.
Uma das explicações sobre a origem da guerra é a insatisfação do presidente russo com a Organização do Atlântico Norte (Otan). A aliança militar foi fundada em 1949, no contexto da Guerra Fria, para evitar a expansão da então União Soviética (URSS) — que também criou uma organização própria à época: o extinto Pacto de Varsóvia. Para o chefe de Estado russo, a Otan tem “ambições imperialistas” e quer se aproximar da fronteira da Rússia.
Outro ponto é que o conflito tem origem histórica. Isso porque tanto a Rússia quanto a Ucrânia foram formadas pelo estado medieval eslavo Rus de Kiev. Por isso, Putin afirma que russos e ucranianos são “um só povo”, enquanto a Ucrânia reivindica o reconhecimento de sua soberania e independência. O professor aposentado e mestre em relações internacionais Alexandre Martchenko, conta que a avó dele sempre se identificou como russa, mesmo tendo nascido em Kiev. “Quando ela era pega falando em ucraniano, tinha advertências”, comenta.
O professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Goulart Menezes, destaca que a guerra está longe do fim pois ainda não houve uma proposta de paz factível. “O presidente Putin colocou condições para a Ucrânia, em um provável processo de paz, que eram simplesmente inaceitáveis e ele não retirou isso até agora”, pontua. As condições incluem a rendição ucraniana e a aceitação de que aproximadamente 1/5 do território fosse anexado à Rússia. De acordo com o professor, esses fatores condicionantes violam a soberania da Ucrânia.
Fonte: Correio Braziliense